sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Revolução na escola! ???

Para quem trabalha em instituições de ensino, dois fatos novos chamaram nossa atenção neste ano: o novo Enem e o Programa Poupança Jovem.




A revista Isto é, de 16 de set/2009 (nº 2079) publicou ampla matéria sobre “a nova educação” preconizada pelo MEC através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Analisa como o novo Enem vai mudar a forma de transmitir e avaliar o conhecimento nas instituições de ensino.
Notícia boa demais para passar despercebida. Que venha essa mudança revolucionária. Aliás, já vem tarde, pois a citada reportagem nos informa que segundo o PISA (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos), promovido a cada três anos pela Organização para a Coordenação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mede o conhecimento entre jovens de 14 a 15 anos de diversas nações, o Brasil vai mal. No último resultado de 2007, os alunos brasileiros obtiveram médias que os colocaram, entre 57 países, na 53ª posição em matemática, na 48ª posição em leitura e na 52ª em ciências.
Afinal que mudanças o Enem pretende desencadear e como? A prova reformulada exigirá mais “raciocínio lógico, compreensão do conteúdo estudado no ensino médio e o uso do conhecimento de disciplinas distintas em uma mesma solução”. Para isso, as instituições de ensino terão que acabar com o excesso de fragmentação das disciplinas, transmitidas de modo isolado. Um tema como a gripe suína, por exemplo, será enfocado do ponto de vista da geografia, da matemática, da história, da sociologia. Com o Enem, as escolas serão forçadas a adotar esses novos parâmetros, com ênfase na interdisciplinaridade e valorização do pensamento – raciocínio.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, em entrevista à referida revista, falou sobre os reflexos do exame nas escolas: “estamos prevendo para as universidades federais um processo de transição de três anos. Nesse primeiro ano, 50 instituições vão utilizar o Enem como fase única e 26 universidades públicas vão usá-lo como componente da nota”. O ministro vê na adesão das universidades, o desencadear de mudanças no ensino médio, como a adoção de um conteúdo mais inteligente, mais instigante. Ainda segundo o ministro há metas até 2022 para que a escola pública se equipare em qualidade à escola particular – que atende apenas 12% da população.
Altas pretensões, sem dúvida! Talvez para um jovem estudante, 2022 pareça muito distante, mas não é para nós educadores, acostumados com poucos avanços ao longo de décadas de trabalho na educação. No entanto, acreditar é preciso. Acreditar que as políticas públicas realmente investirão pesado na educação pública possibilitando que “a educação brasileira forme pessoas mais preparadas para a vida – e resulte em uma nação cada vez melhor.”!!!


PROGRAMA POUPANÇA JOVEM
Trata-se de um projeto bem mineiro. Vamos tentar resumir o Projeto Técnico do Programa Poupança Jovem.
O Programa Poupança Jovem caracteriza-se como política de juventude voltada para a inclusão social. Foi instituído pelo Decreto 44.476 de março de março de 2007.
De acordo com sua referência conceitual/legal, o Programa constitui uma política de inclusão social que objetiva contribuir efetivamente para quebrar o ciclo de perpetuação da pobreza. Para romper esse ciclo, é necessário ir além do assistencialismo e promover um processo permanente de ampliação das capacidades das pessoas e das comunidades, que permita às futuras gerações produzirem renda suficiente para vencer a condição de pobreza sem a necessidade de intervenção do Estado.
A coordenação, a execução e o monitoramento das ações do Programa Poupança Jovem cabe à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, com apoio da Secretaria de Estado de Educação. Essas ações podem ser implementadas de modo articulado com entidades públicas federais, estaduais, municipais e entidades da sociedade civil.
O público alvo do Programa é constituído pelos alunos regularmente matriculados no primeiro ano do ensino médio, em escolas públicas estaduais situadas em municípios mineiros selecionados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social.
Os jovens participantes do Programa Poupança Jovem fazem jus a um benefício financeiro de R$1mil pela conclusão de cada um dos três anos do nível médio. Esses valores são transferidos diretamente para a conta dos participantes e poderão ser sacados no momento em que os jovens concluírem o ensino médio. Entretanto, o auxílio financeiro não é a única nem a mais importante característica do Programa, que investe na formação e qualificação dos jovens, por meio de
I) Atividades de aprendizagem complementar;
II) Atividades de caráter comunitário, cultural ou esportivo;
III) Programas de acompanhamento social
IV) Outras atividades que se mostrarem compatíveis com o Programa Poupança Jovem.

Assim, além da obrigação de frequentar e concluir o ensino médio, os alunos assumem, ao ingressar no Poupança Jovem, o compromisso de participar das ações desenvolvidas e de cumprir as regras de convivência estabelecidas no termo de adesão ao Programa. Na medida em que se baseia na convicção de que os jovens são os grandes protagonistas das mudanças e o patrimônio mais precioso de uma sociedade, o Programa Poupança Jovem procura garantir a eles a oportunidade de se tornarem os sujeitos do respectivo desenvolvimento, adotando um comportamento de compromisso com seu próprio futuro.
O Programa tem como meta atingir 48.321 estudantes até 2010, em oito municípios mineiros.
A Metodologia Integrada do Programa tem foco no objetivo do programa, que é fornecer ativos para jovens se tornarem adultos com condições de gerar mais renda por conta própria, rompendo o ciclo vicioso da perpetuação da pobreza. Contudo, é necessário esclarecer, de início, que os ativos mencionados nesse objetivo não correspondem simplesmente ao preparo dos jovens para exercerem uma ocupação específica e limitada. No mundo cambiante em que vivemos, as ocupações surgem e desaparecem continuamente, exigindo do trabalhador grande capacidade de adaptação. A inserção bem sucedida no mercado depende mais de competências gerais dos tipos cognitivo, prático, emocional do que de conhecimentos memorizados e de habilidades automatizadas.
Nesse contexto, o Programa Poupança Jovem tem como característica essencial o estímulo à conclusão do ensino médio. O aluno só poderá sacar sua poupança se concluir o ensino médio. O Programa exige empenho persistente ao longo de três anos, durante os quais, além da educação escolar regular, lhe são oferecidas oportunidades de desenvolver a condição de sujeito e protagonista de sua própria história. Todas as atividades propostas no Programa convergem para esse foco, e o próprio sentido da poupança jovem se constrói pela reflexão sobre as possibilidades de investimento do valor a ser recebido ao término do ensino médio, seja no prosseguimento dos estudos ou na realização de estágios, seja na compra de equipamentos que permitam a concretização de projetos feitos pelo jovem.
O público alvo da Poupança Jovem compartilha algumas características importantes: todos vivenciam a experiência geracional inédita que os conecta a processos globais de comunicação e, ao mesmo tempo, a complexas realidades locais de exclusão, em uma época de riscos e angústias em que vivemos. Temem a violência, a rejeição dos colegas, a exclusão da vida social e do mundo do trabalho.
Ao mesmo tempo, sentem atração pelo desconhecido, pelas novas tecnologias e os novos meios de comunicação. São alunos do ensino médio, vivem na mesma cidade e provavelmente estudam na mesma escola. Apresentam características semelhantes quanto a linguagens, motivações, valores, comportamentos, modos de vida.
Entretanto, os jovens também revelam trajetórias pessoais diferenciadas, relacionadas ao modo como vivem sua juventude e especificidades em relação ao modo como percebem trabalho, escola, saúde, religião, violência, sexualidade etc. Enfrentam problemas individuais relacionados a esses aspectos. Possuem interesses, talentos e sonhos pessoais, ao mesmo tempo em que expressam interesse por novas formas de engajamento social geradoras de autovalorização e construtoras de identidades coletivas.
Considerando essas características do público alvo do Poupança Jovem, um grande desafio é garantir a permanência dos jovens inscritos no Programa até que concluam o ensino médio. Isso demanda conhecê-los em seus diferentes aspectos sociais e individuais e acompanhar continuamente suas atividades, verificando seu interesse pela participação no Programa e sua determinação de completar a educação básica na escola.
A articulação com a escola em que os jovens cursam o ensino médio é elemento fundamental para facilitar o engajamento no Programa. Em cada escola participante haverá um professor coordenador que será indicado pelo Diretor.
Atividades e Carga Horária
ANO I
Adesão
Giro Jovem: 16 semanas de março a junho / 16 semanas de agosto a novembro.
Ação protagônica: Projeto a ser desenvolvido na comunidade – carga horária a definir.
Acompanhamento social – a qualquer momento em que haja necessidade.
Atividades Dinamizadoras – atividades como visitas, excursões, feiras, etc. Uma vez por ano.
No ano I, o Giro Jovem corresponde ao peso maior do Programa, totalizando 96 horas de atividades. O Giro Jovem será desenvolvido ao longo dos três anos do Programa por meio de oficinas temáticas baseadas em temas estruturantes como:
1. Juventude
2. Os jovens, as diferenças e as relações interpessoais
3. Diversidade de gênero e de raça/etnia
4. Sexualidade
5. Ética, cidadania e direitos humanos


Alunos da EE Francisco Bernardino - JF, em uma das sessões do Giro Jovem.

ANO II
Giro Jovem – uma vez por mês, de março a junho e de agosto a dezembro.
Acompanhamento social – a qualquer momento.
Atividade Dinamizadora – atividades como visitas, excursões, feiras, etc. - uma vez por ano.
Informática – a ser ofertado por instituição especializada – módulo básico e avançado – carga horária a definir.
Inglês – a ser ofertado por instituição especializada – carga horária de 2.30h semanais durante 44 semanas, ao longo dos anos II e III.
O curso de inglês é opcional, prevendo-se o atendimento a cerca de 35% do total de participantes.
ANO III
Giro Jovem – uma vez no primeiro semestre e duas vezes no segundo semestre.
Acompanhamento social – a qualquer momento
Qualificação profissional – a definir de acordo com a realidade de cada município.
Atividades dinamizadoras – visitas, excursões, feiras, etc., uma vez por ano.
A Qualificação Profissional constitui o foco principal da Metodologia e será desenvolvida por meio de parcerias com instituições especializadas.
Estão previstas algumas atividades a serem desenvolvidas ao longo do curso, com orientação da Coordenação Municipal e da SEDESE. Nessas atividades, haverá participação de todas as séries, são as seguintes:
• Elaboração do Jornal Poupança Jovem.
• Atualização do Blog Poupança Jovem.
• Encontros regionais realizados no fim de cada ano, em cada região, para finalização das atividades do período.
• Fórum PJ – Fortalecimento de Lideranças – alunos representantes de cada escola se reunirão primeiramente em suas escolas e depois com a Coordenação do Programa para discutir propostas.
• Rede Jovem Digital – cada Casa Jovem terá em torno de 10 computadores para acesso dos alunos participantes do Programa.
A Casa Jovem é um espaço de referência para os jovens, além de funcionar como sede municipal do Programa.
Esse espaço deve ser criativo e dinâmico para atrair o jovem, deve se tornar um espaço onde o jovem goste de frequentar, queira ir estudar, encontrar amigos, conhecer pessoas.
A Rede Jovem Digital deverá ser instalada na Casa Jovem, criando um espaço onde os alunos possam ter acesso ao mundo digital e virtual.
Também deve ser pensados espaços de leitura, convivência, biblioteca, entre outros, que possam estimular a formação pessoal e escolar do aluno.
A Equipe do Programa
• coordenador local
• coordenador pedagógico
• assistente de campo
• promotores de eventos
• assistente administrativo
• assistente financeiro
• assistente de compras
• técnico de geoprocessamento
• digitador
• secretaria
• auxiliar de serviços gerais
• vigilante
• assistente social (lotado no CRAS)
• agente de promoção social (lotado do CRAS)
• Educadores
(Fim do resumo do projeto técnico do Programa Poupança Jovem)


Escola Estudual Francisco Bernardino, em Juiz de Fora/MG

Considerações pessoais
Uauu!!! Temos que admitir, trata-se de um projeto bem elaborado.
Alguns pontos me chamaram a atenção:
• O Programa Poupança Jovem procura garantir a eles a oportunidade de se tornarem sujeitos do respectivo desenvolvimento, adotando um comportamento de compromisso com seu próprio futuro.
• O aluno é incentivado a concluir o ensino médio, a conscientizar-se das especificidades da organização da sociedade e do trabalho no mundo contemporâneo – de modo a melhorar suas chances de inserção bem sucedida no mercado de trabalho.
• A inserção bem sucedida no mercado de trabalho depende mais de competências gerais dos tipos cognitivo, prático, emocional e social do que de conhecimentos memorizados e de habilidades automatizadas.
• Nesse contexto, o Programa Poupança Jovem tem como característica essencial o estímulo à conclusão do ensino médio. O aluno só poderá sacar sua poupança se concluir o ensino médio.

De fato, é realidade a grande evasão de alunos principalmente no ensino médio noturno. Há anos nós, professores, sofremos com isso. Há anos sonhamos com escolas menos sucateadas e mais atraentes. Se assim fosse, não seria necessário “cativar” os alunos com programas especiais.
A proposta visando desenvolver no jovem uma atitude de compromisso com seu próprio futuro e os meios para se chegar a esse objetivo deveria ser a proposta pedagógica – bem fundamentada e devidamente amparada - de cada escola pública de ensino médio. Pois em número de alunos, as projeções de atendimento são de 48.321 até 2010, em oito municípios mineiros. Não seriam esses números ainda muito modestos dentro do universo de alunos, escolas e municípios?
Posso dizer que na escola onde trabalho, os alunos que estão participando do Programa Poupança Jovem ainda não se mostraram mais comprometidos com sua aprendizagem, com seu preparo intelectual no ensino regular. Parecem muito imediatistas e tudo que demanda tempo, elaboração, construção, se torna enfadonho.
A inserção bem sucedida no mercado de trabalho é outro aspecto que me parece bastante complexo. Claro que é importante ter essas competências gerais apontadas no programa. Nosso mundo contemporâneo carece de pessoas versáteis, tipo um “pau-pra-toda-obra” ou um “free lancer”. Mas, tão ou mais importantes são as políticas do governo incentivando a criação de novos empregos.
O projeto caracteriza muito bem o público alvo: são jovens que sentem atração pelo desconhecido, pelas novas tecnologias e os novos meios de comunicação. Isso fica evidente pela insistência que eles têm em usar o celular o tempo todo, ouvir música no MP3 e pela enorme atração pelo computador e todas as possibilidades que ele traz. Nesse sentido, parece-me que a instituição escola corre atrás do tempo. Ainda não descobrimos um jeito de ser escola moderna e atraente, perdemos tempo em questiúnculas como a proibição do uso do boné na escola.
Muitos questionam o prêmio de R$3mil para quem concluir o ensino médio. Mas devemos lembrar que só o leva quem terminar o ensino médio dentro das condições estabelecidas no Programa e que, segundo a proposta, todas as atividades devem convergir para a maturidade do educando. “O próprio sentido da poupança jovem se constrói pela reflexão sobre as possibilidades de investimento do valor a ser recebido ao término do ensino médio, seja no prosseguimento dos estudos ou na realização de estágios, seja na compra de equipamento que permitam a concretização de projetos feitos pelo jovem”. Esperamos que isso aconteça de fato!

A Casa Jovem como espaço de referência para os jovens, assim como foi concebido, poderá contemplar processos pedagógicos que ocorrem além dos limites das salas de aula.

Alunos pesquisando na internet

Finalmente queremos chegar a uma conclusão. A Educação no Brasil precisa de muito investimento! E como uma coisa puxa a outra, para alavancar uma boa educação é preciso melhorar os salários, a saúde pública, os transportes, etc., etc. É possível? Acredito que sim, desde que uma nova mentalidade comece a se formar não só nos políticos, mas em todos nós. Os jovens e todos nós precisamos não só dos meios, mas também de uma razão maior para estudar, trabalhar e VIVER!


“Os jovens são os grandes protagonistas das mudanças e o patrimônio mais precioso de uma sociedade!”

domingo, 1 de novembro de 2009

Procura-se professor

Há poucos dias estávamos "comemorando" o Dia do Professor! Para quem não sabe, é no dia 15 de outubro.
Enquanto pensávamos quando poderemos realmente comemorar esse dia, quando nossas crianças e jovens terão uma educação de qualidade, fomos surpreendidos com uma propaganda do Governo Federal veiculada em cadeia nacional, com o objetivo de atrair novos professores para a rede pública de ensino. Sem mais comentários, vamos incluir na íntegra o artigo de Maria Angela de Lima*, sobre o assunto.

"Entre as teorias sobre a publicidade e propaganda, talvez a primordial seja o conceito A.I.D.A., isto é, uma mensagem publicitária deve chamar a atenção, gerar interesse, despertar o desejo e levar o público alvo à ação. Outro conceito importante diz respeito aos grupos de referência, aqueles com os quais um indivíduo se relaciona e utiliza como ponto de comparação na formação de seus valores, atitudes ou comportamento. Mas por que falar desses conceitos? Há vários em comunicação; por ora, esses dois bastam para analisar uma propaganda do Governo Federal que está sendo veiculada em cadeia nacional.

O objetivo da propaganda é atrair novos professores para a rede pública de ensino. O problema já tem até nome: “apagão escolar”. Cada vez menos jovens querem ser professores e mais professores desistem da profissão. De acordo com o Instituto de Estatísticas da UNESCO (UIS), o Brasil terá de contratar 396 mil novos docentes até 2015. O difícil está sendo achar candidatos. Se os jovens não querem mais abraçar a carreira que era o sonho no passado, é porque já viram a realidade na sala de aula: professores desmotivados e falta de infraestrutura para a realização de um bom trabalho. Além disso, outras profissões lhes oferecem salários melhores, benefícios e reconhecimento social.

Contra todos esses fatores, a referida propaganda traz o seguinte texto: “Locução em Off (voz masculina):Alguns países mostraram uma grande capacidade de se desenvolver social e economicamente nos últimos 30 anos. Nós perguntamos a pessoas desses países: “Qual é, na sua opinião, o profissional responsável pelo desenvolvimento?” Locução On (pessoas de diversos países - Inglaterra, Finlândia, Alemanha, Coréia do Sul, Espanha, Holanda e França - respondem a mesma palavra): O professor. Locução em On (mulher negra, professora, com livros nas mãos):Venha construir um país mais desenvolvido, mais justo, com oportunidades para todos. Seja um professor. Locução em Off (voz feminina)Informe-se no Portal do MEC. Ministério da Educação. Brasil, um país de todos”.

Ao pesquisar os números da educação nos países apontados na propaganda do Governo, é assustadora a disparidade com os nossos índices. De acordo com relatório “Panorama da Educação 2008” da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), enquanto os países citados na tal propaganda investem entre seis a oito mil dólares por aluno anualmente no ensino fundamental e médio, o que equivale a cerca de R$12.600,00 por aluno, o Brasil gasta cerca de R$2.700,00. Temos também uma das menores porcentagens do PIB gasto em educação, com 4,4%. Enquanto França e Finlândia, por exemplo, investem 6,0% e Coréia do Sul, 7,2%.

Utilizando o mesmo relatório da OCDE, ao comparar, em 2006, os salários de professores com o nível mínimo de qualificação exigido para a certificação no ensino fundamental e no ensino médio em instituições públicas nesses países, o susto é ainda maior. O salário inicial varia de vinte e cinco mil dólares anuais na França (cerca de R$3.800,00 por mês) até quarenta mil dólares na Alemanha (cerca de R$6.200,00 mensais). Enquanto no Brasil, o salário atual para os professores da educação básica é de R$ 950,00 mensais para a jornada de 40 horas semanais. Haja propaganda para reverter esse quadro.

Depois de formados, os jovens sonham com um futuro melhor. E dados os números expostos, esse futuro, com certeza, não está no caminho da docência. Mas o principal equívoco nessa propaganda, ironicamente intitulada no site do MEC de “valorização do professor”, é que ela se esquece dos grupos de referência. Isso mesmo. Os jovens têm em seus professores atuais o seu maior grupo de referência, ou seja, eles veem todos os dias muitos motivos para não escolher essa profissão. Portanto, a propaganda não gera interesse no “produto” (ser professor), não desperta o desejo; logo, não levará à ação.

Mas a mensagem chama a atenção; pelo menos a minha, que mais uma vez fiquei chocada com a coragem do Governo Lula. Desta vez de comparar a valorização e o respeito ao professor nos países citados na propaganda com o descaso com o qual somos tratados no Brasil. Fica a pergunta: desde quando propaganda resolve políticas educacionais mal elaboradas?"

* É publicitária, professora universitária e mestre em Estudos Culturais.

Fonte: ANDES-SN

Nada mais a acrescentar. Maria Angela talvez não tivesse a intenção, mas ao emitir sua opinião, traduziu o nosso sentimento enquanto professores.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Amor a primeira vista

Aos dez anos de idade, deixei para trás minha terra natal e vim com minha família para as bandas das Minas Gerais. Tudo era diferente e encantador no começo, mas o que mais me deslumbrava era a quantidade de montanhas, que eu tentava reproduzir nos meus desenhos. A Serra do Curral em Belo Horizonte era um enigma para minha cabeça de criança, ficava imaginando o que haveria depois daquela enorme barreira. Será que a cidade terminava no pé da serra ou continuava depois?
Belo Horizonte foi um amor a primeira vista!


Reencontro com a Serra do Curral anos mais tarde!

Voltando para 1.960, de vez em quando batia saudades da infância livre e despreocupada, comendo mangas debaixo das frondosas mangueiras e das brincadeiras na rua com outras crianças da vizinhança. Mas a adolescência já estava despontando e muitas novidades pela frente...
Fui estudar no então Colégio Estadual de Minas Gerais. Naquela época o Ensino Fundamental era dividido em duas etapas, o primário (4 anos) e o ginásio (4 anos). Então, depois do exame de admissão que era uma espécie de vestibular para ingressar no Ginásio, comecei a 1ª série ginasial. Ainda bem me lembro, o uniforme era horrível (pelo menos para os padrões atuais), mas eu estava muito orgulhosa de poder usá-lo. Ainda um pouco insegura com as mudanças, não fui muito bem nos estudos naquele começo. Mas nada como o apoio da família e novas amizades para nos impulsionar para frente.

O tempo foi passando,a adaptação aconteceu aos poucos e então novas raízes foram crescendo em novo solo. O Colégio Estadual em Belo Horizonte foi um marco importante na minha vida. Ali no bairro Santo Antônio cursei a 1ª e 2ª séries do ginásio. A 3ª e 4ª séries, no anexo do bairro Serra, onde morávamos. Mas voltei para o colégio no bairro Santo Antônio para cursar o Segundo Grau que na época se dividia em Clássico e Científico. O curso Clássico privilegiava as matérias humanas e o Científico, as matérias exatas. Registro com saudade e gratidão a boa amizade com a colega Elizabeth Meyer.


Agora meu ex-colégio tem outro nome.


Sua arquitetura arrojada ainda chama atenção. Nesse auditório, no formato do antigo mata-borrão, foi a minha formatura do Segundo Grau.

Do Colégio Estadual até a Praça da Liberdade era um pulo. Um lugar lindo que atravessa os tempos intacto e preservado.



Do antigo coreto se tem a visão da modernidade: o edifício ao fundo tem na sua arquitetura o nome de Oscar Niemeyer.


Ao fundo, o Palácio do Governo que em breve será transformado em museu.

Ali também ficava a Biblioteca Pública, dividida em dois setores: Adulto e Infanto-juvenil. Era um lugar que eu amava frequentar. Ainda me lembro de como me senti importante quando passei para a parte dos adultos.


O prédio continua abrigando a biblioteca até hoje, ou parte dela pelo menos.


Do Colégio Estadual para a Faculdade de Letras da UFMG, no mesmo bairro (Santo Antônio), parece que foi meio automático, apesar do vestibular. Ali foram mais quatro anos! Durante esse tempo consolidei amizade com Ana Maria Bittencourt que é minha amiga até hoje, aliás não apenas nós duas permanecemos amigas, como também nossos maridos e filhos se tornaram amigos.


Este prédio que sediava algumas faculdades, certa vez foi cercado pela polícia. Lembrando que estávamos em plena ditadura militar. O objetivo era prender alguns “estudantes da esquerda” que supostamente estavam reunidos ali. Eu estava no ponto do ônibus e assisti o cerco. Meus colegas que ainda estavam lá dentro ficaram algumas horas como prisioneiros e passaram muita fome... porque enquanto a reitora negociava, ninguém deixou o prédio.

Moramos no bairro Serra por um bom tempo e não longe de nossa casa, estava a 1ª Igreja Presbiteriana, na esquina da Rua Ceará com a Av. Afonso Pena. Ainda é possível lembrar da primeira igreja construída nesse local, na época que os bondes ainda circulavam por Belo Horizonte. Era uma igrejinha a moda antiga, com torre e muito aconchegante. O problema é que já não comportava mais seus membros. Foi necessário derrubá-la para construir outra maior em seu lugar.




O novo templo ganhou arquitetura moderna

Durante o tempo de construção do novo templo, a igreja se reunia nas dependências do colégio Isabela Hendrix para suas celebrações. Foi ali que começou o Grêmio Erasmo Braga, para adolescentes. Dona Clotilde Johnson foi nossa primeira orientadora. Seu testemunho e grande envolvimento com nossas vidas marcaram para sempre nossa caminhada na fé cristã.

Douglas, Ana Rita, Clotilde Johnson, em maio de 2008


Aninha, D. Clotilde, Neiva

No Grêmio Erasmo Braga também construímos belas amizades. Conheci Ageu Heringer Lisboa nessa época e continuamos amigos até a Faculdade. Ele estudava Psicologia e eu, Letras, no mesmo prédio. Fizemos uma boa parceria na liderança da ABU-BH (Aliança Bíblica Universitária em Belo Horizonte), entre 1967 e 1972. Mantemos contato até hoje.

ABU foi tudo de bom na minha vida enquanto universitária.
Nesse período de vida acadêmica, a ABU foi muito importante, pois por conta de nossa fé e tentativa de viver de modo coerente com os princípios cristãos, sofremos muita contestação. Permanecer junto com outros universitários cristãos sendo assessorados por pessoas especiais, nos ajudou a não vacilarmos e permanecermos firmes nas nossas convicções. Além disso foram muitas reuniões, retiros, congressos, amizades, paqueras...
Mas, com certeza estava escrito que eu não fincaria raízes duradouras em Belo Horizonte. Então, contrariando o que seria mais provável de acontecer, num congresso da ABU conheci aquele com quem viria a me casar e mudar para muito, muito longe, para o Rio Grande do Sul.


Os amigos devem lembrar, o casamento ecumênico (de uma presbiteriana com um luterano) foi ali na Capela do Colégio Isabela Hendrix, no dia 28 de dezembro de 1973.

No entanto a vida traz algumas surpresas. Assim, quase trinta anos se passaram quando surgiu a oportunidade de eu voltar para Minas Gerais, com minha família – diferente daquela primeira - agora com marido e quatro filhos. Em Juiz de Fora, reencontrei Uriel Heckert. Em Belo Horizonte, num Encontro de gerações de abeuenses, em dezembro de 2008, reencontrei Altino, Homem Israel, Tonica, Perrin e Carlota.


Altino, Neiva e Homem Israel


Tonica e Neiva


Perrin, Neiva, Carlota

Quero concluir dizendo que nesses reencontros podemos nos conhecer de novo, pois constatamos que a caminhada que já começa a ficar longa, vai nos transformando. Deus vai nos lapidando e por isso, acho que ficamos mais maduros e bonitos!!! Ao aproximarmos uns dos outros de novo somos enriquecidos e experimentamos alegria!

Os caminhos e surpresas que Deus nos reserva adiante somente Ele conhece. O importante no momento é ir lançando raízes na Eternidade, onde o reencontro será completo, inclusive com aqueles que já nos anteciparam. “Bendita a certeza da ressurreição”!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Uma viagem ao centro do continente

Nas férias de julho fiz uma viagem ao centro do continente! Sim, nada mais, nada menos do que Cuiabá, minha terra natal!
Isso significou rever e matar a saudade da parentada, levar um carinho especial aos mais idosos e também apreciar a natureza que nos serviu de berço.
Há cem anos, o Marechal Rondon e seus oficiais fizeram as contas e determinaram onde fica o centro do continente, distantes nas mesmas medidas dos oceanos Atlântico e Pacífico. Fincaram em Cuiabá, a capital do Mato Grosso, mais especificamente na Praça Pascoal Moreira Cabral, o marco geodésio da América do Sul.

Mas antes de chegar lá, passei por Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, onde parte da família se estabeleceu. Ali comemorei meus 60 anos!


Com direito a bolo com vela e parabéns!


Que bom poder chegar à "melhor idade"! E melhor ainda, comemorar essa data junto com pessoas tão amadas!


Elias, meu sobrinho, e sua esposa Andressa foram os organizadores da festa, na casa deles.


Aqui até parece o Clube da Luluzinha: irmãs, filha e sobrinhas... todas lindas e perfunadas!


Sessenta anos de vida já nos dá essa alegre possibilidade: ser vovó. Meu netinho também fez parte dessa festa!

Passaram-se alguns dias e finalmente chegou a hora de voarmos, minha irmã Eneida e eu, para CUIABÁ!

Assim que deixamos o ambiente climatizado do aeroporto, constatei que a cidade continua "caliente", em todos os sentidos, principalmente na recpção amigável e simpática de sua gente, com aquele inconfundível sotaque cuiabano! O sol inclemente prometia mais um dia daqueles, apesar de todos afirmarem que estávamos com sorte, que o clima estava fresco! (Uns 28 ou 30 graus)
Depois que minha família se mudou de Cuiabá para Belo Horizonte, em dezembro de 1959, eu tive a oportunidade de voltar para lá em duas ocasiões diferentes, mas desta vez foi especial porque 32 anos se passaram desde a última visita.
Encontro uma cidade linda, moderna.


A cidade chamará mais atenção até 2014, quando será uma das sedes da Copa do Mundo. Com certeza sua infraestrutura vai melhorar muito.


Só reconheci mesmo a minha cidade quando atravessei o rio Cuiabá.


A memória da antiga Cuiabá está em muitos lugares tombados pela Unesco. Eu me senti como se estivesse vivendo 50 anos para trás quando caminhei em algumas ruas estreitas do centro - com seu calçamento de paralelepípedo e casas antigas.


Cuiabá é uma das cidades mais antigas do Centro-Oeste. Com quase trezentos anos de existência, tem cultura e tradições próprias muito bem preservadas. Por outro lado investe no futuro. O Parque Mãe Bonifácia é um exemplo dos muito lugares novos e lindos para o lazer da população local e visitantes.

A cidade é cercada por dois ecossistemas tão exuberantes quanto diferentes: a Chapada dos Guimarães com seus imponentes paredões de arenito e o Pantanal, um celeiro alagado, metade do ano para jacarés e uma infinidade de pássaros.


Tucanos, araras, tuiuius, etc. são facilmente encontrados, mesmo em cidades - naquelas que são próximas ao Pantanal. Para mim foi surpreendente poder ver e fotografar um casal de araras numa árvore em frente à casa de minha irmã, em Campo Grande (MS).
Mas voltando a Cuiabá, uma vez muito bem recebidas e instaladas no apartamento do tio Joaquim, dali mesmo, de uma das janelas já dava para descortinar a Chapada dos Guimarães...

Sensacional por si só, a Chapada com seus paredões faz borda a uma planície a se perder de vista, cuja única saliência é o Morro de Santo Antônio.


Ali, ao pé do morro está a cidade de Santo Antônio do Leverger, que aliás, me traz ótimas lembranças: um pique-nique numa praia maravilhosa do rio Cuiabá, ali nas redondezas.
No último dia da nossa estada em Cuiabá, a prima Lenes e seu marido, Joel, nos proporcionaram um passeio maravilhoso a Chapada dos Guimarães...


No início do percurso, ainda na planície, a vegetação é aquela típica do serrado: esparsa, árvores baixas com galhos retorcidos, mas não demora muito e os paredões de arenito começam aparecer.


A paisagem é de tirar o fôlego!


Cachoeiras, riachos de águas cristalinas... e trilhas para quem gosta e pode caminhar muito!


Para Lenes e Neiva não faltou coragem para chegar alguns metros abaixo até o final da queda d'água.


"Lenes, Joel, olhem para cá!" O sol e o calor estão nos castigando, mas a água do rio é fria e cristalina, ótima para um banho. Mas resolvemos almoçar aquele "pacu" (peixe típico dos rios da região) que já tinha sido encomendado!

Nosso passeio prosseguiu até a cidadezinha de Chapada dos Guimarães, onde encontramos o primo Peniel e sua filha.

A cidade de Chapada dos Guimarães tem 17 mil habitantes e vive da agricultura e turismo. Tem um centrinho com ares de cidade de interior de antigamente. Como acontece em tudo quanto é cidade do interior, a praça em frente a igreja principal, centraliza as principais atrações: sorvetes, barzinhos e inúmeras lojas de suvenirs.


A Igreja de Sant'Ana do Livramento foi inaugurada em 1779, apenas 28 anos depois da própria cidade - em pleno ciclo do ouro matogrossense.


Essa casa tem o telhado tombado. Ela me faz lembrar muito a casa do meu avô materno, que era a sede da fazenda Raizama, ela tinha um telhado igual a esse.

Ainda nesse mesmo dia nos despedimos do primo Peniel e da Chapada dos Guimarães. Já em Cuiabá nos despedimos de todos e chegamos ao aeroporto a tempo para o voo de volta...

Até breve. Quem sabe na Copa de 2014!???

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O mandamento com promessa

"Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá."

Aí está um dentre os famosos Dez Mandamentos dados por Deus no monte Sinai. O único com uma promessa - vida longa - para quem o cumprir!
Entendo os Dez Mandamentos como expressão da ética que se fundamenta no próprio Deus, no seu caráter. Os Mandamentos envolvem obrigações para com Deus e para com os outros seres humanos. Certamente uma sociedade que despreza tais princípios nunca terá justiça.
Mas por que destaquei o mandamento que fala do relacionamento com nossos pais? É evidente que vivemos no momento uma reviravolta nos costumes. Nossas tradições mais importantes estão sendo desprezadas. As famílias já não têm espaço para seus idosos. Os mais jovens não reverenciam seus avós, muito menos escutam suas opiniões e conselhos! Que tipo de filhos nós estamos sendo quando confrontados com o quarto mandamento? Que exemplos estamos deixando para nossos filhos? É bom lembrar em tempo que muito especialmente neste terreno, colheremos o que estivermos plantando...
Talvez pela determinação de cumprir o quarto mandamento é que eu vinha alimentando já algum tempo um plano. Meus pais estão falecidos, mas ainda tenho alguns idosos na minha família a quem devo amar, prestar toda atenção neles e em suas necessidades, enfim honrá-los.
Foi assim que em julho de 2009 pude concretizar o antigo sonho. Visitei Cuiabá, minha terra natal, e alguns anciãos da minha família: Tia Marieta, viúva do meu tio André, está com 92 anos; tia Judite, viúva do meu tio José, também com 92 anos - as duas foram cunhadas da minha falecida mãe. Tio Antônio, com 86 anos; tio Joaquim, 79 anos, irmãos do meu falecido pai. Também pude rever alguns primos e primas com quem brinquei na infância e até encontrar alguns pela primeira vez!

Aqui estou com tia Marieta e sua filha Virgínia que é viúva também e quem cuida dela.


Outra quase centenária, tia Judite. Ela mora com sua filha Maria que aparece na foto também.
Mudanças que o passar inexorável do tempo impõe nas pessoas e nos lugares, deixam a sensação de algo perdido, mas conforta-me poder reconhecer e valorizar minhas raízes, honrar meus antepassados me alegrando com o legado deixado por eles.


Aí está: por fora não mudou nada. Há mais de 50 anos era a igreja que frequentava com meus pais, irmãos, primos... Ali fui batizada e seguindo os passos dos antepassados, aprendi o valor de viver a fé em comunhão com outros.


Agora do lado direito dessa igreja funciona uma livraria evangélica, mas no meu tempo a igreja era ladeada por corredores, ou seja, bastante espaço para a meninada correr alvoroçada. Só que havia um quartinho por ali, onde era abrigada uma idosa, D. Libania. Num belo dia nós a incomodamos tanto com nossa correria e gritos que ela resolveu acabar com a nossa festa: atravessou nosso caminho com sua bengala...


A casa onde morávamos, com mangueiras exuberantes e deliciosas mangas, não existe mais, porém o centro não mudou nada. Ali reconheci os Correios e Telégrafos e ao lado, uma secretaria do governo estadual, locais onde meus pais trabalharam. Um pouco mais atrás, a antiga Escola Moldelo Barão de Melgaço, onde minha tia Leonor foi professora e diretora. Caminhando pela avenida principal, encontramos o Liceu Cuiabano tal qual 50 anos atrás. Alunos do primeiro turno deixavam a escola, algo familiar nos seus rostos, mas o uniforme que usavam, com certeza, muito mais "bonitinho" do que naqueles velhos tempos!


Tio Joaquim e tio Antônio, com 79 e 86 anos. A emoção de rever estes tios foi muito forte pois são muito parecidos com meu pai. Ouvir do tio Joaquim as histórias da família Galvão foi outro lance emocionante que merece um outro artigo.


No dia que eu e minha irmã Eneida fomos visitar o tio Antônio, alguns primos ficaram sabendo e nos apertamos todos para esta foto histórica!


Na casa da prima Lenes. Momentos de pura alegria com muitas belas recordações da infância que já vai longe...


Da esquerda para a direita: Lenes e Léa (primas), Eneida (irmã), Neiva (eu) e Jaqueline, filha do primo Peniel que aparece sentado. Agora, com exceção da Jaqueline, adentramos na "melhor idade"!

Uma indagação me vem à mente: o que estamos fazendo agora para deixarmos como boas recordações para nossos filhos e netos?


Quero concluir prestando uma homenagem póstuma aos meus pais com a publicação de duas fotos.

Poxoréu, MT em 1946. Jerônimo, Perolina com as duas filhas Ada e Eneida.


Bodas de Ouro de Jerônimo e Perolina em 11 de maio de 1985, Campo Grande / MS, com a filha mais nova - eu e minha família.

A mensagem final fica por conta da poetisa Cora Coralina:

NÃO SEI
Não sei se a vida é curta ou
longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido se não tocarmos
o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser...
colo que acolhe,
braço que envolve
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
amor que promove,
desejo que sacia.
E isso não é coisa de outro mundo.
É o que dá sentido à vida
e o que faz com que ela não seja
nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, pura e verdadeira,
enquanto durar...